No começo dessa noite me recusava a lembrar do que realmente importa. É como se eu levantasse a cabeça para ver (e sentir) o sol, e alguém fechasse meus olhos. Eu ainda sentia que estava olhando, mas nada via.
Foi quando decidi ligar para a Bárbara, um simples oi. Conversa vai, conversa vem, ela decidiu ler (não-sei-quantas-vezes) um trecho que dizia:
Sobre a mesa, uma pasta, uma bolsa, um guarda-chuva preto (e um céu que não queria chover), adoçante, açúcar (esqueceste de pedir o mascavo), sorrisos largos, uma bandeja "suicida", uma fatia gigantesca de torta (que tu juraste que não comerias inteira), um café com leite, um expresso duplo, pequenos goles, grandes planos.
E quatro mãos que matavam a saudade.
- Um dia, casa comigo?
- Caso.
PS: Porque de vez em quando a poesia não está nas linhas, entrelinhas, reticências, letras do Djavan, na voz da Marisa. De vez em quando a poesia habita dois corações. E apenas dois corações sabem do que são capazes.
(Natália Anson Lima - Na Cafeteria.)
Confesso que as palavras ditas a cima tiveram como efeito no meu corpo um suspiro gritante, que falou da minha cabeça aos pés: lembra-te enquanto é seu, depois só restará uma imaginação solitária de chinelo e meias pela casa, lembra e guarda.
Obedeci.
(Suspiro.)
Perdi o controle, me desculpa. Não queria brigar por qualquer bobagem justo hoje que o sol se pôs ao nosso encontro. Gostaria de saber qual é o tamanho do seu desejo, e entregar-te antes mesmo que me peça com esse olhar indefinido. Me desculpa por te segurar tantas vezes, não é nenhuma pedido para que fique, quando penso em algo que poderia acontecer entre a gente me aperta a alma, como reflexo apertei sua mão.
Eu roubei o céu de hoje, mas não tive malícia, é mais um vício. Sempre que posso roubo os céus alaranjados, e sempre que vejo guardo sorrisos. Às vezes paro e penso qual seria minha reação se você cantasse pra mim, aquela música naquela esquina escura. Igual o Jude fez. Ele cantava e sorria com ar de malícia, mas você tem um ar gritante e impiedoso.
Me perdoa realmente, mas nem te descrever eu posso, te traria. Mas quando lembro do simples toque do seu beijo suave e delicado na minha mão esquerda, trato a esperança como melhor amiga.
Prometo devolver todos seus sorrisos, tenho os guardados tão bem.
(Outro suspiro e um esboço de sorriso.)
Foi quando decidi ligar para a Bárbara, um simples oi. Conversa vai, conversa vem, ela decidiu ler (não-sei-quantas-vezes) um trecho que dizia:
Sobre a mesa, uma pasta, uma bolsa, um guarda-chuva preto (e um céu que não queria chover), adoçante, açúcar (esqueceste de pedir o mascavo), sorrisos largos, uma bandeja "suicida", uma fatia gigantesca de torta (que tu juraste que não comerias inteira), um café com leite, um expresso duplo, pequenos goles, grandes planos.
E quatro mãos que matavam a saudade.
- Um dia, casa comigo?
- Caso.
PS: Porque de vez em quando a poesia não está nas linhas, entrelinhas, reticências, letras do Djavan, na voz da Marisa. De vez em quando a poesia habita dois corações. E apenas dois corações sabem do que são capazes.
(Natália Anson Lima - Na Cafeteria.)
Confesso que as palavras ditas a cima tiveram como efeito no meu corpo um suspiro gritante, que falou da minha cabeça aos pés: lembra-te enquanto é seu, depois só restará uma imaginação solitária de chinelo e meias pela casa, lembra e guarda.
Obedeci.
(Suspiro.)
Perdi o controle, me desculpa. Não queria brigar por qualquer bobagem justo hoje que o sol se pôs ao nosso encontro. Gostaria de saber qual é o tamanho do seu desejo, e entregar-te antes mesmo que me peça com esse olhar indefinido. Me desculpa por te segurar tantas vezes, não é nenhuma pedido para que fique, quando penso em algo que poderia acontecer entre a gente me aperta a alma, como reflexo apertei sua mão.
Eu roubei o céu de hoje, mas não tive malícia, é mais um vício. Sempre que posso roubo os céus alaranjados, e sempre que vejo guardo sorrisos. Às vezes paro e penso qual seria minha reação se você cantasse pra mim, aquela música naquela esquina escura. Igual o Jude fez. Ele cantava e sorria com ar de malícia, mas você tem um ar gritante e impiedoso.
Me perdoa realmente, mas nem te descrever eu posso, te traria. Mas quando lembro do simples toque do seu beijo suave e delicado na minha mão esquerda, trato a esperança como melhor amiga.
Prometo devolver todos seus sorrisos, tenho os guardados tão bem.
(Outro suspiro e um esboço de sorriso.)
-Então você está apaixonada?
-Não, estou encantada.
-Essa é nova.
-É que amor é coisa séria, paixão é tentadora e eu... eu estou em paz, só pode ser encanto.
