O mundo brilhava como um objeto novo em folha, e Rímini, cansado, mas feliz, com a voracidade do estrangeiro que, depois de uma viagem interminável, acaba de aterrissar numa cidade desconhecida, estava concentrado demais em habitá-lo para distrair-se com o passado. Não pensava em Sofía. Às vezes, às duas ou três da manhã, quando voltava a Las Heras e desabava na cama, dava-se conta de que durante todo o dia não pensara uma só vez em Sofía nem em nada que tivesse a ver com ela, e não conseguia acreditar nisso. Era como se a tivessem extirpado dele. Chegou a pensar que alguém, em algum momento - um desses lapsos de tempo que uma máquina ou um sábio louco rouba de uma sequência e que então, depois de trabalhar e de abarrotá-lo com todo tipo de informções novas, reintroduz na sequência como se nada tivesse acontecido -, tivesse feito nele uma limpeza mental, uma lavagem cerebral de última geração, absolutamente perfeita, porque seu método de higiene incluía também órgãos secundários e à primeira vista irrelevantes, como o coração, o estômago, a pele.
Indicado (mesmo que quase sem querer) pelo Baam (Ele tem bom gosto!).