Perdão

Seria tão bom se - assim como o dinheiro, a faculdade, o trabalho, o ‘sucesso pessoal’ - o perdão fosse uma prioridade, um objetivo. Seria perfeito se todos (ou pelo menos mais alguns) conseguissem notar a realização pessoal que isso traria, apenas perdoando. Sei que em alguns momentos há pessoas que nos machucam tanto que a vontade é cortá-las em mil pedaços, vontade de devolver toda a dor que este (a) nos causou. Mas é tão complicado causar dor ao próximo, pois sempre acabamos sujando nossas próprias mãos com algo que seria um ‘presente’ inteiramente ao próximo. E até mesmo quando conseguimos largar aquela mala enorme de decepções sob a cabeça do desejado, paramos e ficamos felizes? Claro que não. O sol não brilha tão forte, o estômago não se diverte com borboletas, o vento não sopra aliviando. Você se sente apenas estranho, com uma pequena porção de vaidade borbulhando.
Em pensar que o perdão é uma das coisas mais belas e mais simples, fico indignada quando encontro pessoas odiando por aí - e até mesmo quando me pego odiando -. O perdão não precisa aparecer com um discurso de dez horas com palavras enriquecidas, o perdão muitas vezes não precisa nem ser dito tão somente sentido. Sentir aquele sorriso que escapou ao olhar a pessoa, sentir até mesmo apenas o olhar. Ou talvez um abraço, um toque, um beijo. Tantas formas para demonstrar, tantas formas para perdoar.
Ficaria realmente realizada de ver pessoas que se gostam de verdade perdoando uns aos outros. Não, não desejo a paz mundial, só desejo enxugar um pouco o excesso de sofrimento. Sofrimento por amar uma pessoa e mesmo assim não conseguir – ou não tentar – perdoá-la.