Flor

Como toda boa maníaca por palavras não adianta muito colocar um ponto final e fechar o livro. Sempre há o brilho de uma história diferente. E cá estou eu, recém saída de um drama mexicano, embarcando por pura falta de responsabilidade em outra história, essa tem um sabor confundido, como uma comédia romântica.
Os fatos nunca colaboram, o por quê? Simples: procuro quebra-cabeças pra me distrair da realidade preta e branca do meu cotidiano. Ou seja, procuro cores para embaraçar minha visão.
O que me atrai é sempre tão pequeno e tão absurdo que descreve-lo seria incoerente demais, então sempre acabo me escondendo com metáforas inacabadas. Enfim...
Me encontro no meio termo, lugar que nunca conheci muito bem. Sempre foi ‘ou dá, ou sai de cima’ como diria o incrível Cazuzinha (falando nisso, que saudade do Victão [zinho]) e desaprendi a ser somente um sentimento que dá dia sim, dia não. O que é bem melhor, gostar demais cansa, começo a achar defeitos em mim mesma, no outro, e em todo mundo. Qualquer oi com um tom diferente já é motivo pra jogar as cartas fora, arranhar os discos, e rodar a baiana. E gostar de menos é pior ainda, só penso friamente, calculando a vida como uma conta no banco. Não me dou ao luxo da vaidade, do sonho acordada dentro do ônibus. Bom mesmo é ser surpreendida por uma sensação engraçada no domingo de madrugada, umas palavras, um abraço envergonhado e pronto, eu já sai saltitante pelo corredor.
Ainda tenho a terrível mania de planejar o nome dos meus filhos quando vejo um rapaz com os olhos bonitos ou um sorriso encantador (pra falar a verdade, sempre me apaixono por sorrisos!) na fila do supermercado, sou refém desse jeito impulsivo e por vezes quase não saio correndo atrás dos olhos bonitos e lasco um beijo no bendito. Graças a Deus ainda não cheguei a esse ponto, mas os sonhos. Hm! São bem mais intensos que esse.
Fechei o livro de um drama e agora abro outro, rabisco, apago, danço e enfeito meu novo livro. Ainda não defini nada, nem dedicatória eu fiz, então melhor não me preocupar demais. O importante mesmo foi aquele pequeno detalhe que só contei para meus sorrisos. Esses detalhes, eu não esqueço, nem apago. Jamais!
(Hoje: me apaixonei por um sorriso e uma voz, flor.)