minha paixão

-Vou perguntar de novo: quantas vezes você já se apaixonou?
Ela cerrou os olhos inclinando a cabeça para o lado, cara de cachorro sem dono, e falou: (ou pelo menos, tentou falar)
-Eu sei lá... todas?
-Como todas?
-Todas! - sorriu abestalhada.
-Paixão não é isso, você afirmar que está apaixonada a hora que quiser, como quiser.
-Todas. - continuou sorrindo.
-Você nunca se apaixonou, isso sim, só diz estar apaixonada.
-Não me diga se me apaixonei ou não, isso só eu que sei.
-E como é possível se apaixonar por alguém que você nunca tocou?
-Apaixonando.
-Você acha que tudo é muito simples.
Ela olhou para o relógio e em seguida para o sol que estava queimando o asfalto, levantando e fez que sairia correndo, mas como se alguém tivesse apertado o 'pausa' ela parou.
-Simples se apaixonar? É, talvez seja pra mim. Difícil é ser como você.
-Como eu? - falou indignado.
-É... Colocar regras na paixão que não é coisa simples, parabéns. Eu sou mesmo muito preguiçosa para isso, prefiro apenas dizer: estou apaixonada cem vezes ao dia se for preciso, só para poder sorrir igual todos os idiotas que sente os mesmo sintomas, ou até mesmo para não sentir nada.
Parou por alguns segundos e completou:
-Minha paixão é quase uma futilidade, mas é o que me salva da vida.