E como quem não quer nada, você vem.
Com a surpresa não pude deixar de imaginar se terei tempo para todas as outras descobertas a frente. Provavelmente não, e é esse o motivo da confissão desacreditada: meu corpo, ontem, falou mais alto que minha própria voz, foi mais coerente que minha razão, e se aliou a um desejo que eu não conhecia. Meus poros congelavam, um a um, e procuravam a maneira mais fácil de não morrer.
Me parece que não havia calor suficiente no mundo, e que toda fonte de calor se escondia, pouco a pouco, bem a minha frente (em mãos no escuro que encaravam a leveza da distância, achando o que não se perdia totalmente). Quando ele estava prestes a desisti se viu obrigado a tê-lo, era questão de vida ou morte. Optou por implorar aos berros algo que o cobrisse por inteiro. Meu corpo enlouqueceu, delirou de tanta febre. E absorveu tanta de outro corpo que no dia seguinte se sentia sobrecarregado, e queimou sozinho e quieto.