Meu pai, sentado na cadeira da frente, virou para mim e disse:
-Uma vez fui até o ponto de ônibus decidido a pedir uma garota em namoro, fiquei uma hora decorando o que iria falar. Quando ela chegou, me deu um branco e saí correndo. Ela até perguntou o que eu estava fazendo ali, e não consegui falar nada. Uma hora!, decorando palavra por palavra, e na hora: nada.
-Uma vez fui até o ponto de ônibus decidido a pedir uma garota em namoro, fiquei uma hora decorando o que iria falar. Quando ela chegou, me deu um branco e saí correndo. Ela até perguntou o que eu estava fazendo ali, e não consegui falar nada. Uma hora!, decorando palavra por palavra, e na hora: nada.
Se deliciou com a história, sorriu e riu, e colocou a mão sob a perna da minha mãe, que estava sentada ao lado dele.
Chorei emocionada. Meu pai, aquele mesmo sujeito que trabalha todo santo dia, desde muito antes de eu cogitar a ideia de aparecer nesse mundo-cão, é também o sujeito que perde as palavras diante uma paixãozinha.