"A luz do grande prazer é irremediável néon."
Era isso. A patética perfeição que somente os apaixonados conseguem sentir com plenitude. A paixão tem um colorido exagerado, cafona para os olhos daqueles que preferem deixar seus corações em segundo plano, dentro de alguma gaveta secreta (tão secreta que possivelmente acabava esquecida).
Em uma noite estava sozinha e na sua seguinte acompanhada, mesmo se houvesse 449 km de distância física. Ele aparecia quase todos os dias, não tinha muitos assuntos a tratar, era tudo de praxe. Um cotidiano vibrante. Ela era capaz de esperar cada segundo do dia, ansiosa. Esperava a hora de ir dormir, só para dizer (e assim, poder ouvir): boa noite, se cuida. “Você também”.
Mesmo quando ele não estava por perto, lhe dizia que era só pensar nele, que ele estaria com ela (na força do pensamento). E era isso que ela fazia, pensava tão intensamente naquela linda criatura que o sentia próximo. Morria e ressuscitava cada vez que ele lhe deixava um recado. No geral, eram quase sempre as mesmas palavras, mas isso não importava. “Estou sentado em frente casa”, “Queria que tivesse ficado mais”.
Houve um dia que ela estava eufórica com a presença dele, e ele, irritado. Naquele dia ela soubera que aquilo não daria certo (nunca, jamais), mas não desistiu, não completamente.
Quase não se encontravam mais. Enquanto ela estava no quarto, ele jantava. Quando ela sentia fome, ele decidia ir tomar banho. Enquanto ela tomava banho, ele pegava no sono. Quando ela acordava já estava sozinha na casa.
Não sentia como se afastaram naqueles poucos meses. Quando por um mero acaso se esbarravam pelo corredor, ele falava com uma doçura singular que sinta saudade. Era o suficiente para ela se reacender, queimar. Até passar mais alguns dias e acabava esfriando novamente. Voltava a ser morna.
Chegaram até mesmo a conhecer outras pessoas, nada tão encantador como a presença um do outro, não (pelo menos) pra ela. E quando ficaram doentes, justo na mesma época, ele adormecia no sofá da sala, com a boca entreaberta, a cabeça encostava nas pernas dela, e segurava sua mão direita (sempre, a direita). Nesses dias ele ficou um pouco vulnerável e acabou contando a ela sobre “as outras”, com desdém, como se não precisasse nem “das outras”, tampouco dela. Ela por outro lado, apreciava até mesmo suas confissões, como se qualquer sinal fosse um bom sinal, até mesmo esse.
(..)
Era isso. A patética perfeição que somente os apaixonados conseguem sentir com plenitude. A paixão tem um colorido exagerado, cafona para os olhos daqueles que preferem deixar seus corações em segundo plano, dentro de alguma gaveta secreta (tão secreta que possivelmente acabava esquecida).
Em uma noite estava sozinha e na sua seguinte acompanhada, mesmo se houvesse 449 km de distância física. Ele aparecia quase todos os dias, não tinha muitos assuntos a tratar, era tudo de praxe. Um cotidiano vibrante. Ela era capaz de esperar cada segundo do dia, ansiosa. Esperava a hora de ir dormir, só para dizer (e assim, poder ouvir): boa noite, se cuida. “Você também”.
Mesmo quando ele não estava por perto, lhe dizia que era só pensar nele, que ele estaria com ela (na força do pensamento). E era isso que ela fazia, pensava tão intensamente naquela linda criatura que o sentia próximo. Morria e ressuscitava cada vez que ele lhe deixava um recado. No geral, eram quase sempre as mesmas palavras, mas isso não importava. “Estou sentado em frente casa”, “Queria que tivesse ficado mais”.
Houve um dia que ela estava eufórica com a presença dele, e ele, irritado. Naquele dia ela soubera que aquilo não daria certo (nunca, jamais), mas não desistiu, não completamente.
Quase não se encontravam mais. Enquanto ela estava no quarto, ele jantava. Quando ela sentia fome, ele decidia ir tomar banho. Enquanto ela tomava banho, ele pegava no sono. Quando ela acordava já estava sozinha na casa.
Não sentia como se afastaram naqueles poucos meses. Quando por um mero acaso se esbarravam pelo corredor, ele falava com uma doçura singular que sinta saudade. Era o suficiente para ela se reacender, queimar. Até passar mais alguns dias e acabava esfriando novamente. Voltava a ser morna.
Chegaram até mesmo a conhecer outras pessoas, nada tão encantador como a presença um do outro, não (pelo menos) pra ela. E quando ficaram doentes, justo na mesma época, ele adormecia no sofá da sala, com a boca entreaberta, a cabeça encostava nas pernas dela, e segurava sua mão direita (sempre, a direita). Nesses dias ele ficou um pouco vulnerável e acabou contando a ela sobre “as outras”, com desdém, como se não precisasse nem “das outras”, tampouco dela. Ela por outro lado, apreciava até mesmo suas confissões, como se qualquer sinal fosse um bom sinal, até mesmo esse.
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