(Yellow, repeat.)
É óbvio que se as pessoas soubessem que aquele seria o último dia, levariam equipes de filmagem para gravar cada movimento, para mais tarde, sentar e analisar e só assim então achar a deixa. O Momento que qualquer frase ou gesto salvaria o coração daquele que sofrerá mais tarde. Como Sofia havia afirmado, amor é um tipo de seleção natural. Certamente, mais tarde ela concordaria com a Sofia. Mas calma! Antes de qualquer momento terrível, existe um instante de profunda perfeição. Para lembrar e morrer aos poucos.
Outro dia. Ela já havia trocado a roupa cem vezes, nada agradaria a nenhum dos dois. Ele havia cortado o cabelo. Quando se encontraram, ela não pode deixar de sentir o soco no estômago. Ele não estava tão lindo como era, estava diferente. Evitaram-se ao máximo. Ela não fez muita questão de conter as lágrimas confusas, sentada na escadaria, enquanto ele saía para um “café” com os amigos. A casa estava demorando, era o que ela podia sentir.
Depois de algum tempo estavam somente os dois sentados no sofá, assistindo um filme qualquer, na verdade só quem assistia era ele intrigado demais para notar que ela ficou com seu olhar fixo sob ele durante um tempo. Intrigado, ou talvez distraído, ao ponto de nem ao menos notar na mão (direita) dela deslizando por sua nuca.
Ele foi tomar banho e nela rolaram algumas lágrimas, não por ele, e, aliás, por ninguém além dela mesma. Quando voltou já de pijama após quase duas horas, perguntou o motivo dos olhos vermelhos e inchados. Ela não quis explicar, mas o abraçou. Foi para o banho e quando voltou para o quarto se surpreendeu ao encontrá-lo ainda acordado. Ele sempre pegava no sono antes mesmo que ela tivesse coragem para fazer algo extraordinário.
Deitou-se ao seu lado com sua mão direita esticada até encontra a mão direita dele. Nada foi dito, mas ela sentia uma ligação incompreensível. Nada, nada era preciso ser feito para concretizar em si o sentimento, já estava eternizado no instante (talvez) mais fugaz que já vivenciara. Quanto tempo passou? Jamais seria capar de descrever, mas eram os minutos mais deliciosos. Ela sentou-se e lhe entregou uma promessa em suas mãos macias, prometia fidelidade, não à ele, somente ao sentimento.; Não seria capaz de prometer fidelidade nem a ela, e eu, a entendo. Como alguém é capar de jurar amor eterno, sendo que nada está a salvo de ser destruído pelas mudanças do coração? Pois, por maior que fosse um coração, não comportava o sentimento de eternidade, não por mais que alguns dias. E, aliás, o eterno nem é tão admirável assim, por ser tão fictício.
Com o presente que acabara de receber ele sorriu (era esse o sorriso que rasgaria o coração dela durante noites e noites a fio) maravilhado. Com uma bondade e sinceridade que era capaz de fazer qualquer coração de gelo derreter. Um beijo arrastado no tempo na sua face, outro na sua mão foi o que ele dera como retribuição.
Deitaram e nada foi dito, até que, como pólos opostos (exatamente como pólos opostos) com um magnetismo espantoso começaram a se aproximar. Chegaram tão perto que ela pensou não suportar o encontro dos lábios, tremia e sorria. Fechava os olhos e confessava a Deus que aquilo (aquele segundo que antecede o beijo) era mais que todas suas caixas e caixas de expectativas. Quando abriu os olhos estavam tão próximos que mal conseguia enxergar.
Depois disso, o deserto do fim. Suas bochechas ficaram cansadas de tanto sorrir, carregar a felicidade que aquele momento lhe dera já não era tão simples. Qualquer outro passo parecia minúsculo.
Pegou suas malas e partiu.
Não pelo fato de ter acabado de perceber que aquela casa estava em reformas (muitas mudanças a caminho), mas por sentir que ali nunca seria verdadeiramente um lar.
É assim que as histórias de amor acabam, sem o desfeche com um lindo letreiro com letras arredondadas escrito: e foram felizes para sempre. Mas sim com letrinhas quase ilegíveis na parte inferior da tela, escrito: Depois daquele dia, ela ficou atirada lembrando cada detalhe, como se ela sozinha e com os olhos fechados tivesse conseguido os melhores ângulos de filmagem daquela madrugada.
É óbvio que se as pessoas soubessem que aquele seria o último dia, levariam equipes de filmagem para gravar cada movimento, para mais tarde, sentar e analisar e só assim então achar a deixa. O Momento que qualquer frase ou gesto salvaria o coração daquele que sofrerá mais tarde. Como Sofia havia afirmado, amor é um tipo de seleção natural. Certamente, mais tarde ela concordaria com a Sofia. Mas calma! Antes de qualquer momento terrível, existe um instante de profunda perfeição. Para lembrar e morrer aos poucos.
Outro dia. Ela já havia trocado a roupa cem vezes, nada agradaria a nenhum dos dois. Ele havia cortado o cabelo. Quando se encontraram, ela não pode deixar de sentir o soco no estômago. Ele não estava tão lindo como era, estava diferente. Evitaram-se ao máximo. Ela não fez muita questão de conter as lágrimas confusas, sentada na escadaria, enquanto ele saía para um “café” com os amigos. A casa estava demorando, era o que ela podia sentir.
Depois de algum tempo estavam somente os dois sentados no sofá, assistindo um filme qualquer, na verdade só quem assistia era ele intrigado demais para notar que ela ficou com seu olhar fixo sob ele durante um tempo. Intrigado, ou talvez distraído, ao ponto de nem ao menos notar na mão (direita) dela deslizando por sua nuca.
Ele foi tomar banho e nela rolaram algumas lágrimas, não por ele, e, aliás, por ninguém além dela mesma. Quando voltou já de pijama após quase duas horas, perguntou o motivo dos olhos vermelhos e inchados. Ela não quis explicar, mas o abraçou. Foi para o banho e quando voltou para o quarto se surpreendeu ao encontrá-lo ainda acordado. Ele sempre pegava no sono antes mesmo que ela tivesse coragem para fazer algo extraordinário.
Deitou-se ao seu lado com sua mão direita esticada até encontra a mão direita dele. Nada foi dito, mas ela sentia uma ligação incompreensível. Nada, nada era preciso ser feito para concretizar em si o sentimento, já estava eternizado no instante (talvez) mais fugaz que já vivenciara. Quanto tempo passou? Jamais seria capar de descrever, mas eram os minutos mais deliciosos. Ela sentou-se e lhe entregou uma promessa em suas mãos macias, prometia fidelidade, não à ele, somente ao sentimento.; Não seria capaz de prometer fidelidade nem a ela, e eu, a entendo. Como alguém é capar de jurar amor eterno, sendo que nada está a salvo de ser destruído pelas mudanças do coração? Pois, por maior que fosse um coração, não comportava o sentimento de eternidade, não por mais que alguns dias. E, aliás, o eterno nem é tão admirável assim, por ser tão fictício.
Com o presente que acabara de receber ele sorriu (era esse o sorriso que rasgaria o coração dela durante noites e noites a fio) maravilhado. Com uma bondade e sinceridade que era capaz de fazer qualquer coração de gelo derreter. Um beijo arrastado no tempo na sua face, outro na sua mão foi o que ele dera como retribuição.
Deitaram e nada foi dito, até que, como pólos opostos (exatamente como pólos opostos) com um magnetismo espantoso começaram a se aproximar. Chegaram tão perto que ela pensou não suportar o encontro dos lábios, tremia e sorria. Fechava os olhos e confessava a Deus que aquilo (aquele segundo que antecede o beijo) era mais que todas suas caixas e caixas de expectativas. Quando abriu os olhos estavam tão próximos que mal conseguia enxergar.
Depois disso, o deserto do fim. Suas bochechas ficaram cansadas de tanto sorrir, carregar a felicidade que aquele momento lhe dera já não era tão simples. Qualquer outro passo parecia minúsculo.
Pegou suas malas e partiu.
Não pelo fato de ter acabado de perceber que aquela casa estava em reformas (muitas mudanças a caminho), mas por sentir que ali nunca seria verdadeiramente um lar.
É assim que as histórias de amor acabam, sem o desfeche com um lindo letreiro com letras arredondadas escrito: e foram felizes para sempre. Mas sim com letrinhas quase ilegíveis na parte inferior da tela, escrito: Depois daquele dia, ela ficou atirada lembrando cada detalhe, como se ela sozinha e com os olhos fechados tivesse conseguido os melhores ângulos de filmagem daquela madrugada.
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